A RAISG e a SPA contribuem com conhecimentos fundamentais para o relatório parlamentar para uma Amazônia livre de combustíveis fósseis
Brasília, 8 de outubro de 2025. A Rede Amazônica de Informações Socioambientais Georreferenciadas (RAISG), juntamente com o Painel Científico para a Amazônia (SPA), contribuiu com evidências científicas e geoespaciais para a elaboração do relatório "Protegendo o Coração do Nosso Planeta: Roteiro dos Parlamentares para uma Amazônia Livre de Combustíveis Fósseisapresentado em 7 de outubro no Congresso Nacional Brasileiro.
O documento, promovido pelo grupo de Parlamentares por um Futuro Livre de Combustíveis Fósseis, fornece uma análise aprofundada dos impactos socioambientais da exploração de petróleo e gás na região e propõe um caminho de transição para um modelo energético sustentável, descentralizado e justo para os povos e ecossistemas amazônicos.
Conhecimento para uma transição justa
A participação da RAISG e da SPA foi essencial para incluir uma análise detalhada de como a infraestrutura de energia - especialmente as barragens hidrelétricas - afeta a conectividade ecológica e cultural do bioma amazônico.
Durante a audiência pública realizada em Bogotá, no âmbito da Quinta Cúpula de Presidentes dos Países Amazônicos, o copresidente da SPA, Marielos Peña-Claros, apresentou dados preparados em conjunto com a RAISG, mostrando que mais de 1.000 barragens hidrelétricas ameaçam atualmente os rios amazônicos, alterando o fluxo de água, sedimentos e peixes, e liberando metano das águas estagnadas.
O relatório destaca que a proteção da a conectividade ecológica, social, cultural e econômica da Amazônia é essencial para o desenvolvimento humano sustentável, e os projetos de energia devem respeitar os ciclos da água, dos nutrientes e do carbono em escala regional e global. As barragens, observa o documento, impõem custos sociais e ecológicos graves, como a redução da fertilidade do solo, o aumento da contaminação por mercúrio e o colapso da pesca, enquanto as comunidades locais enfrentam a pobreza energética.
Energia renovável descentralizada: uma mudança de paradigma
O relatório também incorpora uma visão compartilhada pela RAISG e pela SPA sobre a necessidade de introduzir gradualmente a energia renovável e promover uma mudança de paradigma em direção a modelos de energia descentralizados e baseados na comunidade que fortaleçam a soberania e reduzam o desmatamento.
Entre as soluções propostas estão:
Energia solar fotovoltaica com armazenamento.
Turbinas hidrocinéticas de pequena escala.a
Microrredes baseadas em biomassa.
Esses sistemas fortalecem a soberania energética, evitam os impactos de grandes linhas de transmissão e contribuem para uma transição justa para a Amazônia e seus povos.
Cooperação baseada em evidências
A Secretária Executiva da RAISG, Angélica García, enfatizou a importância desse trabalho colaborativo entre as redes científicas e os atores políticos da região:
"Contribuir para este relatório foi uma oportunidade de demonstrar que os dados socioambientais são uma ferramenta poderosa para a tomada de decisões. A Amazônia precisa de políticas energéticas concebidas desde o início, que protejam sua conectividade ecológica e o bem-estar de seu povo."
O relatório representa um marco na cooperação interparlamentar para o futuro da Amazônia e uma base para a promoção de ações conjuntas entre governos, povos indígenas, comunidades locais e redes científicas para impulsionar uma transição energética justa e livre de combustíveis fósseis.
A menos de um mês da COP30, que será realizada em Belém do Pará, Brasil, este relatório representa uma contribuição fundamental para o debate regional sobre descarbonização e justiça climática. As evidências fornecidas pela RAISG e pela SPA reafirmam a urgência de colocar a Amazônia no centro das decisões globais sobre energia e clima.